sábado, 18 de abril de 2009

analfabeto

Que não sabe ler nem escrever. Ignorante. Do grego: analphabeta – “aquele que não sabe nem o alfa nem o beta [primeira e última letra do alfabeto grego].” O termo, geralmente, não é usado como insulto para pessoa que não aprendeu a ler e escrever, mas para o sujeito que acha que domina o alfabeto de A a Z.  

acácio

É sinônimo de acaciano.

acaciano

Igual ao Conselheiro Acácio, personagem de Eça de Queirós em O primo Basílio (1878) que dizia frases solenes e ridículas. O sujeito acaciano tem algum parentesco com o bacharelesco, aquele que faz bacharelada, comete bacharelice. Ambos apreciam o palavreado pretensioso e vazio, fazem longos discursos com obviedades  rebuscadas que enganam pessoas de poucas luzes e letras. O melhor sinônimo é acácio.  “Ele, como bom acaciano, ganha a admiração dos basbaques". 

quinta-feira, 16 de abril de 2009

abominável

Abominar é sentir horror, ódio, desprezo por alguém ou algo. O abominável é aquele que deve ser execrado. Detestável.

abjeto

Usa-se para indivíduo moralmente repugnante. Vil, torpe, desprezível, ignóbil, imundo, baixo, indigno, ignominioso. Do latim abiectus, rebaixado. O termo “escroto” é, frequentemente, empregado com esse sentido.

terça-feira, 14 de abril de 2009

ameba

É um protozoário que vive na água, solos úmido ou como parasita. Vem do grego: amoibé - “que muda”. Há uma espécie de ameba que provoca disenteria. Aplica-se a seres insossos, informes, insignificantes; aos que não somam, mas ocupam espaços e dão prejuízos. “Aquele departamento afundou porque reuniu um bando de amebas gordas.”

anopluro

Termo genérico para piolhos, inclusive aquele que se aloja nos pelos pubianos conhecido como chato. O termo pode ser usado para designar, de maneira mais elegante, os importunos e maçantes.

terça-feira, 7 de abril de 2009

alicate

Mulher que domina os homens pelo sexo. É uma forma abreviada e elegante de "xoxota de alicate": aquela que prende o homem pela sua parte mais sensível e o conduz com facilidade.

amigo-da-onça

Designa o sujeito, aparentemente, amigo, que, no entanto, sempre dá uma traidinha. Amigo falso. É o nome dado pelo cartunista Péricles Maranhão (1924-1961) a uma figura acafagestada, debochada que ele criou para a revista O Cruzeiro entre 1943 e 61. Foi extremamente popular, revelando o gosto do público brasileiro pelas ações sádicas da personagem. Provavelmente, o insulto já existia antes de Péricles, derivado de alguma anedota corrente. Continua sendo um dos insultos mais utilizados no Brasil.
ATENÇÃO: não sei se o hífen continua.

anta

anta Mamífero herbívoro de grande porte, às vezes com mais de 200 quilos, muito comum no Brasil, também conhecido como Tapirus terrestris. Aplica-se a pessoa de poucas luzes, freqüentemente ludibriada. Tapado. "Ela é mais esperta do que a anta do marido. Mas o filho puxou ao pai."


domingo, 5 de abril de 2009

O Dicionário: explicações necessárias.

O Dicionário Brasileiro de Insultos - DBI -começou a ser construído quando senti o desejo de insultar e não encontrava a palavra adequada. Quando descobria um novo impropério anotava e aguardava a ocasião adequada para usá-lo. Grande descoberta: o insulto pouco conhecido era o melhor, pois mostrava-se duplamente contundente: o meu oponente sabia que estava sendo xingado, mas não sabia o significado do xingo e dessa forma sentia-se um ignorante sem que eu dissesse isso.

Aos poucos juntei milhares de insultos. Podia não ter força física e habilidades marciais, mas em compensação dispunha de um repertório vasto e colorido de impropérios arrasadores. Então, resolvi repartir esse patrimônio cultural com outros cidadãos. Cada dia vivido neste País oferece tantas oportunidades de rogar pragas, lançar anátemas ou, simplesmente, combater o inimigo com uma saraivada de palavras ferinas que me pareceu muito oportuna a publicação de minha lista. Seria uma obra de grande utilidade no cotidiano do brasileiro. Estaria municiando a turba que, no exercício diário de xingar diminuiria a tensão e, quem sabe? poderia até conseguir alguns anos a mais de vida. Nada como um sonoro insulto para descarregar maus sentimentos – esses que envenenam o coração.

A partir das antigas anotações, da memória e de novas consultas a dicionários, inclusive de regionalismos e etimológicos, que mostram a infinita capacidade do brasileiro em inventar palavras para ofender o próximo, construí o Dicionário. Reuni cerca de 3.000 insultos, alguns atuais e usais, outros em desuso. Enfim, estava oferecendo munição para todos aqueles que, não podendo aniquilar os seus desafetos na porrada o fariam, simbolicamente, com palavras deletérias. O que é lucro para ambas as partes. O Dicionário foi publicado em 2002 pela Ateliê e ainda se encontra em algumas livrarias.

Muitos termos pescados caducaram. As palavras nascem, crescem e morrem. Alguns insultos clássicos persistem, mantendo o seu sentido secular. Parte dos impropérios que estão no Dicionário ninguém mais usa. Há um bom número de termos que merece voltar a circular - e com sucesso. Outros são muito precisos, mas desconhecidos pela maioria. Como o repertório está em constante mutação, o Dicionário, como qualquer outro, é um corpo vivo que se renova a cada momento. Este blog tem essa tarefa: reescrever o Dicionário, trazendo novos termos ou mencionando outros que foram esquecidos.

Cada verbete do DBI seguiu mais ou menos este formato: 1) O sentido original do termo, inclusive a etimologia; 2) Como pode ser usado para insultar; 3) Um exemplo do emprego do insulto (quando possível).

Colaboração possível: 1) Outros insultos além dos relacionados; 2) Discordância em relação ao verbete; 3) Complementação que achar pertinente.

Uma preocupação: parte substancial dos insultos brasileiros é de caráter racista e sexista. Foram registrados. Mas há contra-indicações, algumas muito graves.